Pode ser considerado abusivo o cancelamento do plano de saúde da Ampla Saúde com a Mount Herom e Impetu?

A saga dos usuários de planos de saúde trouxe novos e preocupantes desenvolvimentos.

Recentemente, muitos beneficiários foram surpreendidos com notificações de cancelamento de seus planos de saúde da Ampla Saúde, alegando inadimplência.

Esse cancelamento, contudo, não se dá pela falta de pagamento dos usuários, mas por uma falha entre as administradoras associadas — MOUNT HERMON e IMPETU — que, segundo consta, não estariam repassando à operadora os valores pagos em dia pelos clientes. Este problema entre as empresas chegou a ser judicializado.

Assim, é necessário esclarecer o que a legislação prevê sobre o cancelamento de planos de saúde coletivos por adesão e como o Poder Judiciário pode proteger os consumidores diante de tal situação.

A Responsabilidade da AMPLA SAÚDE e a Inadimplência Indireta

A AMPLA SAÚDE, ao decidir rescindir o contrato com as administradoras MOUNT HERMON e IMPETU, justifica o cancelamento devido a “divergências contratuais”, como mencionado na nota de esclarecimento da empresa, acessível aqui.

Essa rescisão, entretanto, impacta diretamente os consumidores, que cumpriram suas obrigações financeiras e, portanto, estão em situação de adimplência perante o contrato.

No contexto do Direito do Consumidor, tal prática pode ser vista como abusiva, pois penaliza o usuário por questões internas entre as administradoras e a operadora, configurando uma possível violação dos direitos básicos dos consumidores.

A Proteção Legal Contra o Cancelamento Abusivo

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) oferece suporte legal importante nesses casos.

O artigo 51 do CDC torna nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé.

Dado que os consumidores afetados pagaram regularmente as mensalidades, eles não podem ser prejudicados por problemas internos das administradoras ou pela falta de repasse.

Além disso, o entendimento dos tribunais brasileiros é amplamente favorável à continuidade do contrato de saúde nos casos em que a rescisão é abusiva ou motivada por razões que fogem ao controle dos consumidores.

Nesse caso, o cancelamento do plano de saúde pela AMPLA SAÚDE, motivado por inadimplência das administradoras MOUNT HERMON e IMPETU e não pelos usuários, pode se configurar como uma prática abusiva e pode ser considerado indevido, visto que os consumidores, que mantêm seus pagamentos em dia, não devem ser penalizados por questões internas entre as empresas.

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Esse tipo de cancelamento pode violar o princípio da boa-fé objetiva e os direitos básicos previstos no CDC, que protege o usuário contra cláusulas e práticas que imponham desvantagem exagerada.

Diante dessa situação, é plenamente possível buscar judicialmente a manutenção do contrato, por meio de uma ação que pleiteie a continuidade da cobertura do plano, assegurando que o consumidor não seja privado dos serviços de saúde aos quais já tem direito e mantendo, assim, a regularidade da assistência.

Possibilidade de Ingressar com Ação Judicial para Manutenção do Plano

Diante dessa situação, os beneficiários podem buscar judicialmente a manutenção de seus planos de saúde.

Uma ação judicial pode garantir não apenas a continuidade da cobertura, mas também a defesa contra aumentos injustificados ou mudanças arbitrárias nos serviços oferecidos.

Nesta ação, é possível requerer:

  1. Tutela de Urgência: Para que o juiz determine a manutenção imediata do plano, evitando que o consumidor fique sem cobertura médica enquanto o processo tramita;
  2. Indenização por Danos Morais: Em casos em que o cancelamento abusivo cause danos psicológicos ou angústia ao consumidor, especialmente considerando a importância do acesso contínuo a tratamentos e serviços de saúde.

Conclusão

O cancelamento dos planos de saúde pela AMPLA SAÚDE, causado por problemas administrativos entre as partes, configura uma prática abusiva quando os consumidores estão em dia com seus pagamentos.

Portanto, buscar a proteção judicial é um caminho legítimo para garantir que o direito à saúde e ao atendimento adequado sejam preservados, cumprindo o que é de direito dos consumidores e resguardando-os das consequências de disputas comerciais que não lhes dizem respeito.

Em conclusão, o cancelamento do plano de saúde pela AMPLA SAÚDE, motivado por problemas de inadimplência entre a operadora e as administradoras de benefícios, representa uma prática abusiva e indevida quando os consumidores estão com seus pagamentos em dia.

Essa situação viola o princípio da boa-fé e o direito dos usuários à continuidade dos serviços de saúde, configurando uma interferência ilegal na relação de consumo.

Diante disso, é recomendável que o usuário busque a orientação de um advogado especialista em Direito da Saúde, que poderá avaliar as especificidades do caso e garantir a defesa de seus direitos, ingressando com medidas judiciais que assegurem a manutenção do contrato e a proteção à sua assistência médica.

Fonte: JusBrasil

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